MINHA MÃE ERA ASSIM...
Cedo na cama me acordava
Com cuidado me vestia.
Arrumava meus cabelos que estavam despenteados
Ensinava-me a escovar os dentes pra não ficar cariados.
Ainda com sono eu olhava
A casa já toda arrumada.
Mais um beijo e um carinho
Ia tomar meu cafezinho.
Me entregava os caderninhos
Encapados e asseados.
Vá meu anjo, dizia.
E eu lhe acenava a mão e corria sorrindo pra minha mãezinha.
Voltava alegre e contente
Por dizerem que eu era inteligente.
Contava a mamãezinha que me dizia:
__ Filhinha, você me deixa contente.
Sonhava de olhos aberto
Sem ver a vida passar.
E minha mãe a meu lado sempre a me acariciar.
E muitas vezes eu a via num canto triste a chorar.
Eu também chorava e perguntava:
__ O que a senhora tem?
Ela respondia: é atoa, não precisa chorar meu bem,
É muito cedo ainda pra você sofrer também.
Perpétua, era o seu nome.
Como bonita era a sua beleza...
Corpo de fada e sorriso de criança, Ela era minha esperança
E o estudo era o que queria me deixar como herança.
Assim seguia a rotina . E também minha sina.
E ela continuou: linda como uma flor. Tendo sempre no coração uma dor.
Disposta e alegre ao amanhecer. Cansada, porém sorrindo ao entardecer.
Eu na minha felicidade, nem pensava que ela ia morrer.
Mãe adorada como a minha,
Cantava canções de uma vida de sonhos
Mesmo que estivesse sozinha,
Ah! Minha adorada mãezinha! Hoje sou eu que canto sozinha.
A sorte e o destino mesquinho
Entrou em nossos caminhos
Separando nossos ninhos.
Hoje vives no paraíso e eu estou sozinha vivendo sobre os espinhos.
O seu nome és nome de flor. Uma flor boa e linda e por isso Deus levou.
No meu coração eu terei como sempre uma dor,
Ao lembrar a felicidade da infância que passou.
E a tristeza da juventude que a saudade estragou...
Talvez na minha velhice,
aqui eu volte a escrever
Pra dizer em um caderno do meu triste padecer
Que começou horas depois da senhora morrer.
A flor perpétua ainda vive no jardim
Mas a Perpétua da minha saudade jamais voltará para mim.
Oh! Mãezinha querida, como será o meu fim?
Dizendo que você foi a melhor coisa que durante onze anos Deus emprestou a mim.
Mas a morte não perdoa,
Nem uma santa como você.
Talvez ainda no paraíso, continuas a sofrer
Como há muitos ano atrás, sem nunca dizer o porquê.
Talvez eu hoje entenda,
Por que as vezes ficava, num canto triste a chorar...
Pensava em seus filhinhos
Que sozinhos com papai ia ficar.
Hoje eu sei, mãezinha
A causa do seu sofrer.
Sabendo como eu a amava
Não suportasse viver.
Sofri muito é verdade, na mais cruel agonia
Chorando e gritando aos céus, mande minha mamãezinha.
Deus não me atendeu, mas me deu conforto e linha.
Finalmente eu digo, mãe. Você foi e será sempre minha rainha.
A herança que sonhou para mim,
Com a ajuda de Deus
E o apoio do meu pai já consegui.
E onde você estiver, sei que você estará a sorrir.
Sueli Gomes da Silva.
07-08-75
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